
Infelizmente, em muitos ambientes católicos penetrou a perniciosa doutrina protestante de que o padre é um mero presidente da assembléia dos fiéis, um simples cristão com função diretiva. Se não tomou contornos explícitos, tal crença foi assumida na prática em alguns lugares, paróquias e movimentos, contrariando o perene ensino da Santa Igreja.
O sacerdote católico não um administrador paroquial, mas um sacrificador – pois a Santa Missa é o próprio sacrifício da Cruz tornado real e novamente presente nos altares de nossas igrejas, e não um símbolo da Ceia –, uma ponte entre Deus e o homem, em Cristo, na Pessoa de quem ele age quando celebra dos santos mistérios. Pelo sacramento da Ordem, os clérigos são incorporados de modo mais perfeito a Nosso Senhor, restando que há entre eles e os simples fiéis não uma diferença de grau, senão substancial. Participantes assim do ministério do próprio Cristo, tornam-se dispensadores da graça por Ele conquistada na Cruz do Calvário. Se todos os cristãos somos, de certa forma, sacerdotes em razão do Batismo, a Ordem confere uma nova participação desse sacerdócio, que é, como dissemos, diferente daquele, dito comum dos fiéis, em essência, e não apenas em grau. Esse sacerdócio hierárquico, recebido pela ordenação sacramental, torna o ministro, quando revestido da Ordem presbiteral, o próprio Cristo, um alter Christus. Dessa forma, é o Salvador quem age através do sacerdote, que só pode ser assim chamado em virtude de sua união sacramental com Jesus Cristo, o único, suficiente e supremo Sacerdote, que Se oferece a Si mesmo a Deus em oferta pelos pecados de todos. O sacerdote, podemos dizer de outra forma, atua, como dizemos em Teologia, in Persona Christi, na Pessoa de Cristo, e não somente em Seu Nome.
O Direito Canônico, no cân. 1009 do Código, chama os ordenados de ministros sagrados que personificam Cristo, Cabeça da Igreja. De fato, os cânones não se afastam do dado revelado, e são apenas mais um documento a comprovar que procede de Deus a constituição hierárquica da Igreja.
“Depois de Deus”, dizia o Santo Cura d´Ars, “o padre é tudo.” Por frases como essa e por seu exemplar ministério a frente da pequena paróquia francesa, esse homem de Deus foi proclamado o patrono dos párocos.
Eis os poderes do padre: sobre um pedaço de pão e um cálice de vinho, pronunciar a bênção e, fazendo o que Cristo fez, mudá-los no Santíssimo Corpo e no Preciosíssimo Sangue do Salvador, não simbólica, mas real e substancialmente; sobre o penitente arrependido, conferir o perdão de Deus, imputando-lhe, no poder do Espírito Santo, a graça por Cristo conquistada na Cruz.
Eis a dignidade do padre: por seu sacerdócio, participação no Sacerdócio de Cristo, recebido no sacramento da Ordem, que lhe conferiu um caráter indelével na alma, ser o próprio Jesus quando oferece o Santo Sacrifício da Missa.
Quando os jovens descobrirem isso, nossos seminários estarão cheios novamente!
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